Usar as táticas certas na hora de fazer uma apresentação em público faz com que até o mais inexperiente orador seja aplaudido e se saia bem diante da plateia.
Do tom de voz à maneira de gesticular e andar pelo espaço, os aspectos que influenciam a atenção do público são muitos. Confira um verdadeiro roteiro para arrasar em qualquer apresentação que surgir na carreira, seja para um público reduzido, seja para grandes plateias:
Dominar o assunto é dominar o medo de falar em público
Conhecer bem o assunto é o primeiro passo para uma apresentação bem sucedida. “As pessoas têm medo de falar em público quando não dominam o assunto da apresentação”, diz o palestrante e coach Maurício Seriacopi.
De acordo com ele a preparação deve englobar também possíveis dúvidas e interpretações que poderão surgir ao longo da apresentação.
Estude a sua plateia
Quem é o seu público? São os diretores da empresa? É uma plateia de jovens, pessoas mais velhas ou mista? Faixa etária, segmento e perfil são aspectos que devem ser analisados. A partir disso você vai decidir o vocabulário empregado, por exemplo.
“Não adianta utilizar um linguajar técnico para um público leigo ou linguagem vulgar para uma plateia composta por especialistas”, diz Reinaldo Polito, professor de expressão verbal e palestrante.
Mostre ao público qual a vantagem de prestar atenção ao que você vai dizer
O que as pessoas vão ganhar ao dedicarem atenção ao que você está dizendo? Verbalize esse ganho para estimular o interesse. “É dizer claramente. Se é um público conservador e o tema é plano de investimento, explique que vai falar de investimentos seguros, tranquilos e que vão ajudar a atravessar um período de turbulência”, explica Polito.
Ou seja, o ganho é algo que pode variar de acordo com os ouvintes. “Se a plateia é formada por investidores agressivos, falar de investimentos seguros não vai captar a atenção das pessoas, por isso é muito importante conhecer características predominantes que permeiam o público”, ressalta Polito.
Crie expectativa
“O público que não tem expectativa não acompanha”, diz Polito. Por isso, seja de forma explícita ou nas entrelinhas, diga que vai fazer uma revelação.
“Se for uma palestra sobre investimento de renda fixa, diga que vai dar exemplos de pessoas que se deram bem para criar a expectativa, por exemplo”, explica Polito.
Quebre resistências, conquiste atenção logo no início
Uma plateia atenta, interessada e receptiva é o sonho de toda pessoa que fala em público. Mas nem sempre é assim. Por isso, na hora de começar a falar leve em consideração se as pessoas estão torcendo por você, se há resistências ao assunto ou mesmo a você ou ao ambiente.
“Se as pessoas estão torcendo por você, elas estão atentas”, diz Polito. Mas, se não existe torcida, comece agradecendo pela oportunidade de estar ali, seja simpático. “Pode ser fazendo um elogio que não passe a ideia de demagogia, demonstrando envolvimento em tratar do assunto”, diz Polito.
Fazer algo de impacto para captar a plateia logo no início é uma das táticas usadas por Seriacopi. “Logo no começo entro com uma dinâmica ou atividade para despertar a atenção das pessoas”, conta o palestrante.
De acordo com ele, é uma maneira de mostrar ao público que a qualquer momento pode haver mais interações. “As pessoas ficam atentas porque podem ser parte do contexto”, diz.
Frases de impacto, histórias e fatos bem humorados são alternativas para prender a atenção das pessoas, segundo Polito. Ao encontrar resistência em relação a você, como palestrante, aos poucos vá revelando a sua experiência como forma de chancelar a sua presença ali. “Citar uma frase de uma autoridade no tema que será discutido é também uma maneira de transferir credibilidade para sua fala”, diz Polito.
Se há resistência ao assunto, não dê a sua opinião logo de cara, recomenda Polito. “É uma questão inteligência. Se der a sua opinião, quem concorda vai ficar feliz e quem não concorda vai se afastar ainda mais”, explica. Aposte em uma maneira disciplinada de fazer a relação dos pontos em comum entre você os ouvintes. “Assim eles vão concordando e é possível quebrar as resistências”, diz.
Caso o problema seja o ambiente, com cadeiras desconfortáveis, ar muito frio ou local barulhento diga que não vai tomar muito tempo das pessoas.
Humor é uma boa forma de manter a atenção
Começar uma apresentação fazendo piada pode ser um tiro no pé. “Porque se não tem graça e as pessoas não dão risada a pessoas vai ficar desestabilizada”, diz Polito.
O ideal é inserir passagens bem humoradas ao longo da apresentação, principalmente depois de tratar de conceitos pesados e mais técnicos. “Dá uma arejada na apresentação”, diz Polito.
Ironia fina, brincadeiras subentendidas demonstram preparo, sagacidade e uma percepção de que trata-se de um público mais bem preparado capaz de entender este tipo de humor.
Dê ritmo à apresentação e fuja de vícios de linguagem
Dê ritmo à fala. Não fale sempre no mesmo tom de voz. Acelere ou fale mais devagar dependendo do momento. “Um momento de reflexão pede uma fala mais cadenciada”, diz Seriacopi.
Não grite, mas não fale baixo. “Falar mais alto demonstra envolvimento”, diz Polito. Evite vícios de linguagem como “né”, “tá” “ tipo”, “na verdade”. “Isto irrita a plateia”, diz Polito.
A pausa é sedutora na comunicação
Faça pausas, elas são essenciais, de acordo com os dois especialistas. “Faço pausas de 5 a 10 segundos, após uma pergunta, ou para dar tempo de as pessoas assimilarem o conteúdo”, diz Seriacopi.
“A pausa valoriza a informação, criar expectativa sobre o que será dito em seguida e demonstra o domínio de quem está fazendo a apresentação”, diz Polito.
Movimente-se na medida certa
A movimentação é importante em uma apresentação. “É usar o máximo de espaço disponível para se movimentar”, diz Seriacopi. Se for um palco, caminhe, se for possível até desça do palco e ande entre as fileiras, recomenda o palestrante. Mas cuidado para não passar na frente de projetores.
Recursos visuais aumentam o poder de retenção do público
Após três dias de uma apresentação, as pessoas se lembram de 10% do que foi dito, segundo Polito. “Se a apresentação usa recursos visuais, este percentual sobre para 65%”.
Slides e vídeos são alguns dos recursos para aumentar o poder de retenção do público. Mas, ressalta Polito, é um recurso que deve ter importância secundária. “Algumas pessoas invertem e acabam ficando apenas do lado dos slides”, diz.
“Uso recursos de vídeo, slides, imagens, música mesclados à oratória para não cansar o público”, diz Seriacopi. O recurso visual dá a indicação de conceitos, a explicação é sempre do palestrante.
“Se é uma pessoa que usa 60, 70 telas e recomendo que ela reduza para 35 ou 30”, diz Polito. Para ele, vale a regra dos 7 por 7: “ 7 palavras por frase e 7 frases por slide”, explica.
Para fechar a apresentação sintetize o assunto em 2 ou 3 frases
Escolher duas ou três frases que sintetizem o que foi tratado durante a palestra. “Assim é possível abraçar o conteúdo”, diz Polito. Em seguida, recomenda, peça ação se for possível agir imediatamente ou uma reflexão a respeito do assunto da apresentação.
“Ao fim de minhas palestras, eu escolho trazer uma história ou de alguém conhecido ou minha que comprove que o que eu estou falando funciona, não só teoria”, diz Seriacopi.
Se for preciso avisar o público que a apresentação terminou, é sinal que de o fechamento não foi bem feito”, diz Seriacopi . Tom, velocidade da voz e o agradecimento darão ao público a certeza de que a apresentação chegou ao fim.
Fonte: Exame